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Debate — Politicamente Social

quarta-feira, abril 20, 2016


Foto divulgação

 Na semana passada fizemos um especial com várias matérias sobre o livro: As Grandes Aventuras de Daniella, clique aqui para conferir, o livro é um chick-lit, para quem não sabe esse é um gênero onde um dos elementos principais de suas tramas é a comédia, trata-se da ficção dentro da ficção feminina, que aborda questões das mulheres modernas através de romances leves e divertidos. Apesar da trama em si abordar seu enredo com muito humor, um ponto importante é exposto para nossa reflexão: o preconceito. Na história é abordado através da gordofobia (sensação de desconforto ou repulsa a pessoas gordas), onde sua personagem principal é vitima de muito preconceito no decorrer da história.

A proposta da autora Luene Langhammer, também conhecida por L.L. Alves (codinome que utiliza para assinar suas obras) é justamente criar o debate através do livro não apenas implicando à um único tema, mas sim abordar o preconceito em diversos âmbitos que fujam dos padrões criados pela sociedade, segundo a autora criar um personagem real e ao mesmo tempo interessante foi um grande desafio. Um projeto foi criado por Luene para incentivar os debates através das redes sociais, com a hashtag #SomostodasDani, pessoas expunham suas opiniões e situações pessoais das quais foram vítimas de preconceito e o quanto isso as impactou.

Abaixo nossas colunistas Rosacarla Madeira Franco e Luana Santos, deixaram um relato sobre o que pensam dos padrões sociais em que vivemos.



Hoje não venho falar de livros ou afins, mas de um tema que merece nosso debate, análise e atenção. Escutamos muito o termo PADRÃO, frases prontas como: “temos que seguir os padrões” ou “está fora dos padrões”; são frases que me deixam indignada, não só pela quantidade de vezes que são repetidas e repassadas; mas pior ainda é ter essas frases como verdades absolutas.
A palavra PADRÃO tem um de seus significados no dicionário Luft: “Modelo a ser seguido; exemplo a ser copiado”. Que modelo a ser seguido? Para isso teríamos que considerar todos iguais, e isso não somos, somos todos diferentes, cada um com suas qualidades e defeitos.
Não é uma questão de estar dentro dos PADRÕES (que padrões?), é uma questão se de sentir bem e ter saúde, e saúde ao contrário do que muita gente pensa não se resume a peso ou não...
A beleza depende do gosto e da opinião de cada um, não de "PADRÕES" estéticos que não consideram as diferentes belezas de cada pessoa. Sou a favor do bem estar, do bem viver e isso independe de padrões.



Mais do que nunca vivenciamos uma fase em que as pessoas vivem e importam apenas com as aparências. Posso dizer que eu não cheguei a sofrer com esse tipo de preconceito diretamente... quando eu era criança eu era um pouco mais gordinha que meus colegas e eles me apelidavam de “baleia” e coisas do gênero, mas foi por pouco tempo, conforme o tempo passou eu cresci um pouco e emagreci, mas paro para pensar, e se eu não tivesse emagrecido, como teria sido? Sofria com apelidos e “chacotas” para sempre?! Analisando o que escrevi, talvez isso tenha me marcado mais do que eu imaginava, pois se não tivesse, eu nem se querer lembraria, afinal isso aconteceu quando tinha de 7 a 8 anos... Como isso teria afetado minha autoestima e minha vida se eu fosse adolescente quando isso aconteceu?

Eu ressalto a questão da adolescência porque, veja bem, é nesse momento que nos preocupamos mais com a opinião de quem nos rodeia e quando nos sentimos mais inseguras... Claro que em qualquer momento sentimos constrangimento, tristeza e revolta ao sofrer qualquer tipo de preconceito, porém a adolescência é o momento mais frágil e que nos marca mais, é nesse momento que determinamos nossa personalidade... sofrer bullying mexe com o psicológico, causando na maioria das vezes o retraimento e depressão, o que, com certeza, influenciará ou até mesmo definirá o futuro de alguém.

Preconceito de qualquer tipo – raça, crenças, peso... – é crime e não deve ficar impune. Não é fácil para que sofre reagir e seguir em frente. Ao conviver com adolescentes diariamente, vejo o quanto a aparência importa, não para eles especificamente, mas porque eles tem em mente que é isso que vai definir se eles serão ou não aceitos pelos demais... Como isso aconteceu? Principalmente pela mídia, que faz entender que só se pode ser feliz se for bonito, e no conceito midiático, ser bonito é ser magro... Essa é a falsa beleza promovida e proclamada aos quatro ventos. Esquecemos todos que ser bonito é ser feliz, temos que rever nossos conceitos e mudar nossa maneira de pensar.

Isso me lembrou a música Máscaras, da cantora Pitty que trabalhei essa semana com minhas duas turmas de 9º ano, acho que a mensagem que ela deixa é perfeita para o momento que vivemos:

“Ninguém merece
Ser só mais um bonitinho
Nem transparecer
Consciente, inconsequente
Se preocupar em ser
Adulto ou criança
O importante é ser você...”



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1 comentários

  1. Oi, Vivi! Eu jurava que já tinha comentado aqui, mas acho que deu algum problema rs Gostei muito do texto e das opiniões da Luana e da Rosacarla! Preciso dizer que super concordo?! Fico feliz em saber que meu livro As GRANDES Aventuras de Daniella está abrindo as portas para esse tipo de discussão e espero que a hashtag #SomosTodasDani posso ajudar mais e mais pessoas a começarem a notar o preconceito que está enraizado em nossa mente.

    Viver fora do padrão, não se encaixar no modelo que querem nos enfiar goela abaixo nas revistas, televisão e até mesmo na literatura, não é fácil. Para falar a verdade, é uma das coisas mais difíceis de se fazer. A pressão vem de todos os lados e ser gordo nesse cenário é algo inadmissível para muitos.

    Contudo, eu acredito que aos poucos conseguiremos quebrar esse preconceito, ao nos conscientizarmos e falarmos mais sobre o tema. Seu post já é o começo ♥ Obrigada!!

    Beijos

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