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Conto "Em Busca da Perfeição" de Raquel Machado

segunda-feira, junho 29, 2015

Ser mais bela, Ser mais magra, Ser mais inteligente. Sempre mais. Sempre em busca da Perfeição. Será que isso realmente vale a pena? Leia o conto e descubra.



Conto em vídeo











Em Busca da Perfeição

Por Raquel Machado


As batidas do meu coração soam como o barulho do tambor. A corrida é 

cansativa e parece não ter fim, o suor escorre pelo meu rosto. Olho para os lados em 
busca de distração. Poucas pessoas preenchem o ambiente, elas também estão em busca 

Próximo aparelho. Luto contra a vontade de largar tudo e ir para casa. Todos os 

dias é a mesma rotina que não traz resultados concretos. Olho-me no espelho e vejo 

aquele ser nojento e enorme. É necessário ficar mais alguns minutos. As últimas pessoas 

vão embora e me deixam sozinha. 

Chega! Caminho até a porta da academia. Está trancada. Chamo por alguém, em 

vão. A essa hora todos já foram para suas casas. 

Uma vertigem me atinge e meu estômago reclama. Tento lembrar qual foi minha 

última refeição. A comida é o combustível para o monstro que eu carrego dentro de 

Volto ao salão e ligo a televisão. Retiro da bolsa o pequeno sanduíche natural e 

dou uma bela mordida, e me arrependo em seguida. 

A propaganda mostra uma linda mulher apresentando uma nova técnica de 
emagrecimento, talvez essa funcione comigo. A mulher aponta para mim, tentado me 

alertar de algo, tento compreender o que ela diz. Olho para o sanduíche e vejo que 

minhocas saem de dentro e uma gosma amarela escorre por meus dedos.

Corro para o banheiro vomitar. Olho meu reflexo que sorri para mim. Ele 

conhece meus defeitos e acha engraçada minha tentativa frustrada de ser alguém 

Escuto vozes que me chamam. Vou até o salão e vejo que meu reflexo me 

seguiu. Ele ganhou vida própria e me chama em direção ao espelho, quer me contar um 

segredo. Eu obedeço e caminho em sua direção, ao chegar próximo ele desaparece, 

Alguém toca meu ombro, tenho medo de virar e me defrontar com tudo aquilo 

que tentei esconder até o momento. A curiosidade é maior que o medo e viro-me. Uma 

versão perfeita de mim, me encara.

As vozes voltam a me chamar. As reconheço. São as pessoas que passaram por 

minha vida, cobrando-me a perfeição: ser mais bela, ser mais magra, ser mais 
inteligente. Sempre mais. Choro desesperada. A minha versão perfeita me estende a 

mão, e eu entendo o que preciso fazer. Não é hora de parar. Volto ao local de 
treinamento e continuo meus exercícios. Incansável, até não escutar mais o barulho do 

tambor e nem minha respiração.

A luz do sol preenche o ambiente, outrora escuro. A porta se abre e passo por 
um corpo no chão. Vejo uma garota pálida e franzina, morta.

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